sábado, 13 de junho de 2015

Rústico

A arte de ser sem máscaras,
por poucos é dominada.
Quem tenta ser o que não é não será
o que pensa ser e nem o que é.


Atitudes e olhares demonstram mais
que palavras.
Porque palavras são apenas símbolos.
E ser é tudo menos o nada.

Ser é mais que estar.
Ser é demonstrar sem querer.
Ser é ser exatamente o que se é.
Tu és.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

minha miopia

As verdades que trago em mim sufocam.
São como ondas de um mar revolto.
Não respiro, não sinto, não enxergo.
Parecer haver um cheiro de nada.

As ilusões, meras percepções da verdade,
sugam a vitalidade das boas emoções.
O tempo invade a alma com gana,
com vontade de ferir e de machucar.

Os lábios que derramavam mel
só dizem palavras cheias de um doce estragado.
As músicas que alegravam e faziam sorrir
trazem a lembrança daquilo que não existiu.

Não há mais luz nos olhos.
Aqueles lindos faróis azuis apagaram.
A dança da vida interrompeu o fluxo.
Amarga e doce miopia.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

aqueles olhos

Olhos que explicam e complicam,
que dizem tudo, quando nada dizem.
Olhos que perturbam e ferem.
Olhos que aliviam e salvam.

Olhos que chamam,
que gritam,
que se misturam.
Olhos que amam.

Dois olhos apenas,
mil olhares.
Dez mil intenções.

Olhos que choram,
olhos que sorriem.
Olhos que iluminam a vida.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

mudar o mundo

Entendo, hoje, que não posso mudar o mundo,
e que o único mundo que posso mudar sou eu.

Não haverá ódio, se em mim há amor.
Não haverá indiferença, se em mim há calor.
Não haverá marasmo, se em mim há ação.

Não há morte, porque sou vida.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Tempo . . .

Há tempo para amar, jogar-se sem reservas do penhasco e não se importar com que o vai acontecer. Há tempo para ficar quieto, observando tudo cautelosamente e esperando o momento certo de agir. Há tempo para silenciar-se, quando até mesmo as melhoras palavras colocadas da melhor maneira não vão adiantar. Há tempo para sorrir, tempo em que tudo faz sentido mesmo não fazendo – mas, tomados por uma substância única de contentamento, estamos felizes. Há tempo para chorar, deixando que as lágrimas levem todas as mágoas ou que sejam a materialização de boas emoções. Há tempo de correr, porque a vida – na sua acepção material – é curta. Há tempo de andar devagar, porque já se conquistou o possível e um pouco do  impossível. Há tempo de rever decisões, mudar de opinião é coisa de gente grande. Há tempo de ter certeza, porque os arrependimentos não farão com que certas coisas tenham acontecido de forma diferente. Há tempo para tudo, menos para não ser quem somos. Porque negar-se é o maior dos erros, e não viver.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Essência

Do muito que vivi,
quase tudo se foi.
As palavras, os gestos,
canções e preocupações
dissolveram-se no vento.

O mundo continuou a girar.
E eu, ali, quieto, ouvindo o nada.
As sombras saíram rapidamente.
E o medo virou pó.

As lágrimas que brotaram
eram doces, tinham cheiro de rosas.
A mente, parada, nada pensava.
E o coração pulsava em essência.

Não se ouviram gritos.
O silêncio era a realidade.
A alma apoderou-se de tudo.
Tudo virou alma.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Apenas viver . . .

            Há momentos tão impressionantemente especiais que não existem palavras capazes de descrever a ínfima parte dessa grandiosidade. Acontecimentos que geram uma verdadeira mistura de sentimentos e sensações desafiando as mais sólidas convicções. É sempre desafiador vivenciar situações novas, sobretudo para alguém que age com a razão, colocando tudo em uma balança e decidindo matematicamente.
           O que fazer, então, quando algo ou alguém “quebra a balança”? Podem vir muitas respostas à mente ou não vir resposta. A “insegurança” é tão grande que tudo parece não fazer sentido. Onde estão o chão seguro pelo qual caminhava e a estrada segura que conduziria a um futuro certo?
          A verdade é que não existem mais o chão e a estrada. Preocupados – ao extremo – em não ter as melhores e mais certas respostas, deixamos de viver o presente, de vivenciar a situação em sua integralidade e reconhecer a verdade do momento. Portanto, vivamos com brilho nos olhos e de coração e mente abertos, sejamos nós! Busquemos e aceitemos a felicidade e suas múltiplas faces. A vida é muito maior que um mero conjunto de regras e viver é – sem dúvida – a maior das aventuras.